Neste blog só quero expressar o que me impressiona

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

“A memória é uma paisagem contemplada de um comboio em movimento. Vemos crescer por sobre as acácias a luz da madrugada, as aves debicando a manhã, como a um fruto. Vemos, além, um rio sereno e o arvoredo que o abraça. Vemos o gado pastando lento, um casal que corre de mãos dadas, meninos dançando o futebol, a bola brilhando ao sol (um outro sol). Vemos os lagos plácidos onde nadam os patos, os rios de águas pesadas onde os elefantes matam a sede. São coisas que ocorrem diante dos nossos olhos, sabemos que são reais mas estão longe, não as podemos tocar. Algumas estão já tão longe, e o comboio avança tão veloz, que não temos a certeza de que realmente aconteceram. Talvez as tenhamos sonhado. Já me falha a memória, dizemos, e foi apenas o céu que escureceu.”

O início desse capítulo de O vendedor de passado de Agualusa é uma passagem que não me canso de visitar. Na verdade, não canso de reler esse livro. Gosto de reler trechos aleatórios e confesso que me agrada subverter a ordem dos acontecimentos narrados pela lagartixa que um dia foi humana.

sábado, 2 de janeiro de 2010

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A menina daqui



Saia já daí, menina!
Mas a menina não entendia. Em seus ouvidos, apenas música: iaiaiaiaiia
Desce daí, garota!
Mas a garota não entendia. Em seus ouvidos, apenas música: laialaialaia
E a medida que crescia,
em seu ventre a sinfonia
evoluía
humhumhum