Neste blog só quero expressar o que me impressiona

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Fantasias infantis

Era um garoto de três anos. Franzino, ágil, moreno. Gostava de todos os heróis, mas Super-Homem era seu predileto, "o único que sabe voar!" Numa tarde de vento forte, o garoto decidiu amarrar sua toalha vermelha ao redor do pescoço e se transformar no homem mais forte do universo. Seus pezinhos ligeiros corriam, tirando fino de todos os cristais herdados por sua mãe da tia solteirona. Zum zum zum. A empregada ocupada em passar a roupa do patrão, colocou o fone de ouvido para esquecer aquele mundo real, cheio de manhas e dengos e penetrar nos sonhos caipiras de Zezé di Camargo e Luciano "É o amor que mexe com minha cabeça e me deixa assim". Zum zum zum. "Ué, se sou o Super-Homem não preciso correr. Eu sei voar, ora!!!" O menino puxou o banquinho verde guardado embaixo de sua escrivaninha vermelha, arrastou-o até a janela. Colocou seu pezinho direito. O banco tremeu um pouco, mas assim que colocou o esquerdo, o equilíbrio foi retomado. "Eu sou o seu apaixonado de alma transparente". Apoiou seus bracinhos no parapeito, jogou todo o peso de seu corpo e rapidamente se viu em pé do lado de fora da janela. Olhou para o horizonte, a ventania continuava a balançar loucamente as palmeiras. Sorriu: "meu corpo parece coqueiro balançando e nem precisa de vento". Mas linhas brancas da rede de proteção impediram o garoto-Super-Homem de alçar voo. "Da próxima vez, trago uma tesoura!"

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O peixe do Ed


Mais um texto de minha autora predileta. Confira, leitor virtual:

O peixe do Ed é briliante. Ele brilia muito. Até briliou muito até que olho do Ed ficou roxo ditamto briliar. Ed colocou o peixe no aquario. Ele parou de briliar. E o Ed ficou feliz. Ele incontrou o coelhiho de pelusia que sissamava Mico.
e fim.

Historinha inventada por Mila Maluceli, 6 anos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Que tipo de medo você tem?

Enquanto lia Barroco tropical, um dos personagens que sempre espreitava passos de outros em evidência era ele, o Medo. Nesse fim de semana, deparei-me de novo, com ele, nos olhos de personagens muito bem desenhados para o filme Shutter Island.
No livro, o narrador nos conta que o Medo presente no livro não é um medo cotidiano: assalto, atropelamento ou queda. O Medo a que Bartolomeu Fulcato, o narrador, se refere é aquele que distorce as pessoas que as corrompe.
No filme, o Medo está no ar. Entra por qualquer fresta e penetra no olhar do espectador. Como névoa, envolve-nos e cega-nos.
Na vida, ele está sempre ao nosso lado, soprando em nossos ouvidos palavras obtusas, dissimuladas. E nós nos deixamos seduzir pela facilidade da ilusão.