Neste blog só quero expressar o que me impressiona

sábado, 4 de dezembro de 2010

Citação

"As nuvens parecem que gostam de privacidade", afirmou Mila hoje de manhã, enquanto contemplava o céu.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Fantasias infantis

Era um garoto de três anos. Franzino, ágil, moreno. Gostava de todos os heróis, mas Super-Homem era seu predileto, "o único que sabe voar!" Numa tarde de vento forte, o garoto decidiu amarrar sua toalha vermelha ao redor do pescoço e se transformar no homem mais forte do universo. Seus pezinhos ligeiros corriam, tirando fino de todos os cristais herdados por sua mãe da tia solteirona. Zum zum zum. A empregada ocupada em passar a roupa do patrão, colocou o fone de ouvido para esquecer aquele mundo real, cheio de manhas e dengos e penetrar nos sonhos caipiras de Zezé di Camargo e Luciano "É o amor que mexe com minha cabeça e me deixa assim". Zum zum zum. "Ué, se sou o Super-Homem não preciso correr. Eu sei voar, ora!!!" O menino puxou o banquinho verde guardado embaixo de sua escrivaninha vermelha, arrastou-o até a janela. Colocou seu pezinho direito. O banco tremeu um pouco, mas assim que colocou o esquerdo, o equilíbrio foi retomado. "Eu sou o seu apaixonado de alma transparente". Apoiou seus bracinhos no parapeito, jogou todo o peso de seu corpo e rapidamente se viu em pé do lado de fora da janela. Olhou para o horizonte, a ventania continuava a balançar loucamente as palmeiras. Sorriu: "meu corpo parece coqueiro balançando e nem precisa de vento". Mas linhas brancas da rede de proteção impediram o garoto-Super-Homem de alçar voo. "Da próxima vez, trago uma tesoura!"

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O peixe do Ed


Mais um texto de minha autora predileta. Confira, leitor virtual:

O peixe do Ed é briliante. Ele brilia muito. Até briliou muito até que olho do Ed ficou roxo ditamto briliar. Ed colocou o peixe no aquario. Ele parou de briliar. E o Ed ficou feliz. Ele incontrou o coelhiho de pelusia que sissamava Mico.
e fim.

Historinha inventada por Mila Maluceli, 6 anos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Que tipo de medo você tem?

Enquanto lia Barroco tropical, um dos personagens que sempre espreitava passos de outros em evidência era ele, o Medo. Nesse fim de semana, deparei-me de novo, com ele, nos olhos de personagens muito bem desenhados para o filme Shutter Island.
No livro, o narrador nos conta que o Medo presente no livro não é um medo cotidiano: assalto, atropelamento ou queda. O Medo a que Bartolomeu Fulcato, o narrador, se refere é aquele que distorce as pessoas que as corrompe.
No filme, o Medo está no ar. Entra por qualquer fresta e penetra no olhar do espectador. Como névoa, envolve-nos e cega-nos.
Na vida, ele está sempre ao nosso lado, soprando em nossos ouvidos palavras obtusas, dissimuladas. E nós nos deixamos seduzir pela facilidade da ilusão.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dave Matthews Band e eu


Ontem DMB tocou para mim de novo. Começou com uma nova canção: "Shake me like a monkey" e me balançou por quase duas horas. Passou por músicas já clássicas de seu repertório com pontos altos nos solos de cada integrante, salpicados ao longo do show. Eis o setlist de ontem:
1.Shake Me Like a Monkey
2.You Might Die Trying
3.Seven
4.Why I Am
5.Crush
6.Don't Drink the Water (http://www.youtube.com/watch?v=H0UQKn6bHFw&feature=related)
7.Crash Into Me
8.Ants Marching (http://www.youtube.com/watch?v=8nBmIetx_t8&feature=related)
9.Two Step (http://www.youtube.com/watch?v=Bnq2wi664yc)
Bis:
10.Tripping Billies
11.All Along the Watchtower

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Quando Ela abriu a janela, o sol ofuscou seus pensamentos. Seguir em frente era uma possibilidade plausível; mas, naquele momento, quase não era o que Ela queria decidir. Enquanto suas ideias não entravam num acordo, os tentáculos da paralisia a envolviam milimetricamente...
... Foi após o primeiro degrau de mármore branco que Ela percebeu como o mundo poderia ser dEla. O mundo era seu amante obediente; disposto a satisfazer todo e qualquer desejo descabido e incontrolado daquela menina.
Mais um degrau.
Outro.
Enfim ganhou a rua. Não era de pedras de brilhantes, mas o sol tão radiante, enganaou seus olhos.
Que diabos! O que Ela quer afinal?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Desenterrando sonhos

Existe um cheiro de melancolia no ar. Saudade daquilo que nunca chegou a ser.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Uma queda no universo cinematográfico


... e o dia amanheceu antes de eu começar a pensar nele. Na verdade, só consigo pensar no último filme a que assisti: The fall. Não, não é aquele que conta as últimas horas de Hitler! A queda é outra; mais singela; mais onírica. Isso! Atmosfera onírica. Quando a história começa, nossa heroína está num hospital com o braço engessado. Não, leitor, não tenha pena dela. Ela está bem. Ela caiu e quebrou o braço. Só isso. Seu sotaque acusa que ela pertence a uma família de imigrantes. Seu sotaque cobre-a de uma inocência ainda maior que sua idade. Oh, meu Deus, ela não entende ao certo o que acontecera a sua família! Passamos quase o filme inteiro pensando assim.
Mas a história não é só essa. Existem outras quedas. Seu companheiro, personagem de Lee Pace, também caiu e foi parar no mesmo hospital. E para distrair a pequena garotinha, conta-lhe uma linda epopeia indiana.
Eis a graça: a história que começa em andamento; questões que não se respondem de pronto; elementos cenográficos usados como recursos metalinguísticos; história dentro da história dentro da história; homenagem ao cinema.

FICHA TÉCNICA
The Fall
(The Fall, Índia, Inglaterra, EUA, 2006)

Gênero: Aventura, Drama, Fantasia
Duração: 117 min.
Tipo: Longa-metragem / Colorido
Palavras-Chaves: Contar história, Dublê, Inválido, mais...
Produtora(s): Absolute Entertainment, Deep Films, Googly Films, Kas Movie Maker, M.I.A. Features, Radical Media, Tree Top Films Inc.

Diretor(es): Tarsem¹
Roteirista(s): Dan Gilroy, Nico Soultanakis, Tarsem Singh, Valery Petrov¹
Elenco: Catinca Untaru, Justine Waddell, Lee Pace, Kim Uylenbroek, Aiden Lithgow, Sean Gilder, Ronald France, Andrew Roussouw, Michael Huff, Grant Swanby, Emil Hostina, Robin Smith (1), Jeetu Verma, Leo Bill, Marcus Wesley

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Again and again and again

Pois bem. Após longo e tenebroso inverno, eis me aqui, frente a frente com o mundo virtual. Nem pense que esqueci você, leitor! Estou de volta again.

domingo, 2 de maio de 2010

Brincando de Nigella

De repente me vejo em plena cozinha, num domingo ensolarado, sendo filmada. Sem produção, sem figurino, mas com um script bem fechado: ensine a fazer cartola. Claro que ensinei, afinal quem me pediu com aquele sorriso largo, jamais poderia cogitar a possibilidade de dizer não. E saiu um belo vídeo cuja reprodução não consegui colocar aqui, mas você pode acessar pelo link:
http://clubdagula.blogspot.com/2010/04/cartola-cartola-e-cartola.html

No meio do preparo, entendi o prazer que Nigella sente ao preparar aquelas comidinhas trivialmente deliciosas.

terça-feira, 30 de março de 2010

Intertextos II

segunda-feira, 29 de março de 2010

Intertextos


Aqui estou ajoelhado
rezando por um amor que conhecemos.
Ele aparece pela porta
Ofereço chá.
Docemente responde:
Nós dois sabemos o quão árduo é ter
um amor e deixá-lo escorrer pelos dedos.
Poucos entendem quão árduo viver assim...
Apenas mais um dia
Então
Esqueça que sonho é como água: incolor e perigoso.
Navegue até aqui,
deixe-me abraçá-lo...

quarta-feira, 24 de março de 2010

Fique peixe!

Ando repetindo essa frase como mantra esta semana: Fique peixe! Fique peixe! Fiquepeixefiquepeixefiquepeixe...

Não tem ideia do que escrevo? Pois bem: fique tranquilo, tudo ficará bem no final!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Carlos Drummond

O mineiro já dizia se eu me chamasse Raimundo seria uma rima e não uma solução.
Pois é. Não sou a solução dos seus nem dos meus problemas. "Perceba que você tem na sua frente uma situação". Certo. "Encontre alternativas para conviver com isso". Uau! Bárbaro!
O mineiro já predestinava o mundo é grande e cabe na palma de minha mão. Mas a alternativa nem sempre era uma das linhas sugeridas.
O mineiro já me consolava o mundo é grande, mas cabe no meu coração. Não preciso dizer a você que a lua lá fora e o conhaque ao meu lado me deixaram comovida como o diabo...

quarta-feira, 10 de março de 2010


Pois é. Dias estressantes sugam energia. Sabe, leitor querido, às vezes, nem sei o que vale à pena. Fico na expectativa de. Nada acontece. Fico na esperança de. Nada verde aparece. Ah, então muda, né? Ok. Mudo. Mas o telefone continua mudo. O email, mudo. O mundo, mudo. Mudemos de parágrafo.
Por isso disso, então. Piados, cochichos e buxixos.
Que bafafá!

sábado, 6 de março de 2010

Carpe diem é a solução?



Hoje não estou com vontade de escrever. As palavras não saem, não há consenso entre nomes e verbos, muito menos seus satélites: adjetivos e advérbios. O casamento vocabular perfeito não acontece sempre. Afinal, ele é mais um exemplo de loteria. Devo, pois, desistir e à moda de The Cure, curtir meu tédio e a torneira pingando dá o ritmo drip drip drip drip...

Então, leitor, esqueça o dia de ontem e delicie-se com o prazer que o hoje pode proporcionar a você.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Enquanto isso, escutemos Céu



Hoje é dia da preguiça e bocejos. Não quero sair daqui nem para ver o mundo. Chove lá fora, então deixemos para viver o mundo de lá só amanhã. Cuidemos de nosso âmago. Aqui.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Soledade




Só a idade
Só na idade
...
E a menina dos olhos
diante de nossos olhos
envolvia-se só
em seu lençol

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O silêncio

Acho que ninguém o escutou. Hã?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Carnaval multicultural


Pois é. Carnaval sem igual mora logo ali em Recife. Ritmos, danças, cores e muito amor pela cidade revela-se em cada semblante. Quem nunca foi, não percebe o que é um lugar que oferece espaço para toda tribo e que integrantes de cada tribo convive pacificamente nas diferenças. Impressionante andar pelas ruas do Recife Antigo e ouvir bandas de frevo abafando outras bandas de frevo; blocos de maracatu que em dias comuns jamais ousariam se reunir numa praça para reverenciar seus deuses; samba com nomes de peso; ousadia ao som de Quanta Ladeira; mangue beat; rock... Há de tudo e há lugar para todos os gostos ritmos e pessoas.
Por isso, caro leitor, a saudade de Recife nos levou pelo braço para sermos embalados pelo mar de gente que acompanhava o Galo.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O mar

Eu me lembro bem de quando era criança. Morava numa casa de janelas pequenas e não entendia por que não eram maiores, já que a vista era uma bênção divina: todo aquele mar batendo nas rochas lá embaixo... Tinha também um descampado, onde todas as crianças da redondeza se juntavam para jogar futebol, empinar pipa, brincar de polícia e ladrão.
Era uma vida gostosa, aquela. Não havia compromisso com nada e o meu mundo era aquele descampado de terra batida. “Procure emprego!” Vá trabalhar, vagabundo!”, “A vida não é só futebol!” Esse mundo não é o que conheço! Me deram um emprego que eu tinha que ficar em pé calçado e abotoado até o pescoço. E a liberdade? Liberdade é ter emprego de poste?
Voltei para o meu canto. Não era o mesmo. Não era mais meu. Uns homens tomaram conta do meu descampado, da minha casa. Disseram para voltar lá para baixo vender uma poeira branca e mandaram experimentar, afinal não poderia vender uma mercadoria sem conhecê-la. Fiquei sem fome, excitado e com muita, muita força.
Enquanto descia, a felicidade foi sumindo. Meu corpo já não era mais aquela fortaleza. Não podia trabalhar desanimado e faminto. Abri um dos saquinhos e enfiei no rosto. A sensação desta vez não foi a mesma. A realidade pesou nos meus ombros. Percebi que tudo o que eu queria era não ter perdido a minha criança. Parei. Havia um jeito de resgatá-la. Era só atravessa a rua.
O mar... Tão belo, tão atrativo. Seu canto era um convite ao seu encontro. Não tive dúvidas: pulei.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

“A memória é uma paisagem contemplada de um comboio em movimento. Vemos crescer por sobre as acácias a luz da madrugada, as aves debicando a manhã, como a um fruto. Vemos, além, um rio sereno e o arvoredo que o abraça. Vemos o gado pastando lento, um casal que corre de mãos dadas, meninos dançando o futebol, a bola brilhando ao sol (um outro sol). Vemos os lagos plácidos onde nadam os patos, os rios de águas pesadas onde os elefantes matam a sede. São coisas que ocorrem diante dos nossos olhos, sabemos que são reais mas estão longe, não as podemos tocar. Algumas estão já tão longe, e o comboio avança tão veloz, que não temos a certeza de que realmente aconteceram. Talvez as tenhamos sonhado. Já me falha a memória, dizemos, e foi apenas o céu que escureceu.”

O início desse capítulo de O vendedor de passado de Agualusa é uma passagem que não me canso de visitar. Na verdade, não canso de reler esse livro. Gosto de reler trechos aleatórios e confesso que me agrada subverter a ordem dos acontecimentos narrados pela lagartixa que um dia foi humana.

sábado, 2 de janeiro de 2010

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A menina daqui



Saia já daí, menina!
Mas a menina não entendia. Em seus ouvidos, apenas música: iaiaiaiaiia
Desce daí, garota!
Mas a garota não entendia. Em seus ouvidos, apenas música: laialaialaia
E a medida que crescia,
em seu ventre a sinfonia
evoluía
humhumhum