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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Caranguejos com cérebro além mar

ou
Encontro marcado num domingo chuvoso

Antes dos primeiros acordes, sessão “esquenta corda vocais com sucesso de Jorge Bem Jor A minha menina” já prenunciava o que viria. Estádio lotado, em uma só voz, acompanhara. Corte. Nova música. Só que em tom convidativo: “Ground control to Major Tom take your protein pills and put your helmet on”, sugeria que a experiência que teríamos seria, no mínimo, visceral.
A batida de Larry Mullen Jr. regia os corações das 90 mil pessoas que entoavam o hit tardio Even Better Than The Real Thing. Coisas de U2, que sutilmente mostra o quanto está à frente de seu tempo. Em determinado ponto do show, ele passeou pelo palco com uma percussão que reverberava um som próximo ao tribal.
Na sequência, mistura de músicas muito conhecidas com outras nem tanto. Impressionante observar que a novidade não era empecilho para desânimo.
Pausa para terapia de grupo: The Edge é inseguro, pois não tem certeza se gostamos do que ele faz. “Aplaudam The Edge, aqueles que realmente gostam do som nervoso que ele tira de sua guitarra”, pedia um sorridente Bono. Resposta: 90 mil pessoas não só aplaudiram o guitarrista como gritavam seu nome. Comoção geral. Viro para o lado e vejo emoção em olhos brilhantes de alguns espectadores.
Diferente de sábado, a banda tocou Pride (in the name of love) acompanhada de um coro ensandecido. E a eterna Sunday bloody Sunday, desta vez, sem nomes das crianças no telão, pois já foram tatuados em nossas mentes, reforçou a nossa quinta-feira sangrenta. Por quanto tempo teremos que cantar esta canção sem nos referirmos a um massacre?
Atração à parte, o palco com suas garras de caranguejos fincadas na terra da garoa e ecoando o som para o espaço enchia meus olhos e minha mente de possibilidades e matizes. Major Tom deve ter curtido muito o contato imediato 40 anos depois.

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